somebody's watching me...
quando destoa o som aterrorizante de um alarme de incêndio, todos entram em estado de alerta. levantam-se e dirigem-se à saída mais próxima, fugindo de algo, evitando o perigo. todos são assim, eu sou também. esse barulho significa que tem algo de errado. e então água é derramada, pra que as chamas se contenham e a segurança possa se instaurar novamente.
eu moro sozinha. de vez em quando as pessoas visitam minha casa, mas logo vão embora quando percebem a situação em que ela se encontra. ela costumava ter mobília linda, mas estragou. é tudo culpa do meu alarme de incêndio, que está quebrado. eu não coloquei ele lá nem pedi pra ninguém instalá-lo. não me lembro de como foi, mas pouco me lembro de um dia onde ele não estava aqui.
de maneira recorrente, quase diária, ele toca. e, como é de incêndio, derrama água pra apagar o fogo. o problema é que não há chama alguma. e eu, bobinha, sempre me assusto, quero fugir. caio na armadilha vez atrás de vez. sinto meu coração acelerar, minha garganta fechar, e ânsia de vômito, tudo tão intenso que eu fico tonta e perco até a força nas pernas e braços. não importa se eu grito por ajuda pros vizinhos, ninguém me ouve, minha voz não sai. eu sempre disse, afinal, que sou cega e muda, mas nunca surda.
eu tento arrancar o alarme de seu fatídico lugar, grito, choro, esperneio e bato minha cabeça na parede, procurando uma solução, mas ele simplesmente é mais forte e resistente do que eu jamais serei. não posso lutar contra algo que sabe de cor os meus próximos golpes.
agora eu passo meus dias sentadinha no chão de madeira úmida que descola e apodrece. o alarme tocou de novo. fazer o que?
fazer o que?
fazer o que?
fazer o que?
fazer o que?
fazer o que?
fazer o que?
Comentários (1)
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Quinta-feira, 24 de Abril de 2025 �s 21:55
não fique assim