Emaranhamento Quântico
Lembra? você me ensinou sobre o emaranhamento quântico às cinco da manhã, com a voz ainda rouca de sono e aquele jeito que só você tem de transformar qualquer assunto em algo fascinante. Me explicou que duas partículas, uma vez entrelaçadas, continuam conectadas, não importa a distância, não importa se foram separadas. O que acontece com uma, acontece com a outra. Como se ainda fossem a mesma coisa. Como se nunca tivessem se dividido de verdade.
Eu não sabia, naquela madrugada, que essa seria a teoria que definiria a gente.
Agora você está longe. Talvez ache que não sente mais nada, que esse vínculo se dissolveu no tempo, na raiva, na ausência. Mas eu sei que, se eu me partir, algo dentro de você ainda estremece. Sei que, se eu me mover, alguma força invisível ainda te toca.
Ou será que sou só eu?
Será que fiquei presa nesse fenômeno enquanto você já escapou? Será que essa ligação só existe de um lado, ou será que, mesmo sem querer, você ainda sente?
E se, apesar de tudo, a gente ainda estiver entrelaçado? Não por amor, não por escolha, mas por alguma regra cósmica que nenhum de nós consegue quebrar. E se, mesmo quando eu não quiser mais sentir nada, mesmo quando você esquecer da minha voz, ainda houver essa força empurrando um pedaço de mim até você?
O emaranhamento quântico diz que a conexão não desaparece. Mas ninguém nunca explicou como se desfaz um laço desses sem destruir as partículas no processo.
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