A despedida
Eu disse ao mancebo... Disse que estava finalmente na hora de deixá-lo e seguir em frente.
Tenho que ir, mas de tempos em tempos virei visitar-te. Sei que já a um bom tempo tem sentido minha ausência. A verdade é que sinto-me pronto e embora ame a sua companhia mais a do que qualquer pessoa, tenho que deixar-te.
- Pai, para onde vais? Como pode fazer isso comigo? Eu que sempre estive contigo e você mesmo me prometeu que nunca nos separaríamos. Agora me diz que vai embora. Já lhe vi fazer isto com outras pessoas, mas comigo... comigo que tanto bem lhe fiz e tanto mal sofri contigo. Onde está o teu amor para comigo? Por onde andaste que e que te disseram para que mudasse de maneira tão drástica e dramática? Dize-me, se é que podes!
- Vou para onde você quis ir, meu filho... E viver da maneira que você sempre quis, porém não mais como uma criança. Quero que saiba que não é fácil para mim dizer-te estas coisas. Pois a muito tempo venho me preparando para esse momento. A verdade é que não posso mais lhe faltar com a verdade, não posso deixar que suas inseguranças, seus defeitos, seus traumas, façam parte da minha vida. Eu sei de tudo o que você passou, te vi nascer, lembro de todas as coisas que você construiu sozinho, ainda que muitíssimo novo. Não diminuo sua dor, nossa dor. Nem tão pouco me agrado eu dizer-te que estou de partida. E isto, ainda que possa parecer, não se trata de abandono, mas de liberdade para ser quem fui feita para ser. Ainda tu, que me indagas agora, queres isto! Sabes que queres! Não torne nossa despedida demasiadamente difícil ao ponto de não realizar aquilo que você mesmo, meu filho, você mesmo desejou tanto em seu íntimo.
- Você irá me esquecer. Disse o o garoto.
- Sam, jamais poderia esquecer de você, mesmo que se quisesse não o poderia fazê-lo. Sempre levarei você comigo em meus pensamentos e no meu coração, meu filho, meu amigo... Mas agora está na hora de partir.. Não posso mais deixar que conviva comigo, pois isso está me enlouquecendo, visto que não tenho conseguido ser quem eu deve ser por você não me deixar ser. Sei que é muitíssimo duro escutar isso, mas não preciso de seus meios e métodos, nem tão pouco posso deixar-te guiar-te. Meu filho, você está morrendo precisa me dizer adeus.
- Você sabia que eu estava morrendo, meu pai... Sei que não quis me dizer por medo de eu ter novamente um daqueles momentos ruins. Todo esse silencio em todo esse tempo era, de certo modo, um sinal que me estava dando. Por isso, não posso mais fazer as coisas como antes, vou morrer jovem, mas sei que sempre se lembrará de mim. No fundo, eu sempre quis que alguém se lembra-se e cuida-se de mim. E você o fez, muito melhor do que eu mesmo poderia imaginar. Nunca me deixou, senão agora. Contudo sei que este teu sacrifício em em vista de algo maior. E seu eu hoje morrerei, será para que você, meu pai, viva plenamente. Já não irei mais interferir em sua vida, visto que a minha agora se esvai. E se posso dizer-te minhas últimas palavras, digo isto: Lembre-se de quem foi, mas nunca ao pode de esquecer quem se tornou. E lembre-se que sempre estarei sorrindo para você. Obrigado por ter se tornado alguém tão forte e sincero e por ter me amado tanto quanto eu me amei. Adeus, meu velho.
- Sempre me lembrarei de você, sempre cuidarei em ser aquilo que você sempre sonhou para nós. Obrigado por ter me ensinado tantas coisas, jamais as esquecerei os momentos que vivemos juntos. Agora muitos momentos viverei, mas sempre levarei você em minhas lembranças. Eu te amo, para sempre amarei. Adeus.
Assim fora a despedida da Criança e o Pai de si mesmo.
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