Já não importa

Já não importa... Se é que algum dia importou.

Já não importa o que pensam e o que dizem sobre mim.
Já não importa se pensam se sou estulto ou sábio.
Já não importa se o futuro me reserva riqueza ou pobreza.
Já não importa se me odeiam ou se me amam.

Já não importa!

Pois eu, bem que seja isto ou aquilo, alto ou baixo, grande ou pequeno, feio ou bonito, nenhuma dessas coisas poderá mudar quem eu sou.

O futuro está determinado. Antes que pensemos que podemos mudá-lo, também isto estava dentro do propósito.

Eu não vou ficar mais insistindo em tentar mudar o que nasci para ser. Aceito as condições que me foram impostas e também as que por minha própria causa, me sobrevieram.

Realmente... O maior desejo é, de fato, o desejo algum. E a maior vontade, sem sombra de dúvidas, chama-se nenhuma.

Aprendi que quando se é escravo do desejo todos os infortúnios da vida recaem sobre nós com toda a força, a fim de nos controlar para cumprimos seu intuito.

Porém, quando refreamos esse desejo a nossa vontade se volta novamente para nós. E isso só é possível quando o controlamos, para assim podermos ver o que realmente importa. E sabe o que realmente tem valor?

Tão somente o que Deus pensa sobre nós, ponto.

Todas as outras coisas são desejos criados por nós mesmos para satisfazermos aquilo sobre o qual não temos ideia. Visto que, assim que conquistamos o que desejávamos, partimos para novos desejos e assim sucessivamente.

Que loucura é essa? Que inquietude infame.

Não quero nada! Nada. Aliás, quero - que me deixem em paz.

Porquanto, de tanto querer é que me esqueço daquilo sobre o qual arduamente e com muitos pesares, já conquistei. Quantas noites em claro, passei imaginando ter o que tenho agora. E mesmo agora, acabaria eu por me deter em outras coisas sem nem ter ao menos a oportunidade de celebrar o que já me fora dado por Deus?

Acaso, sei eu o que será do amanhã para entregar meu hoje a ele?
Não é o amanhã um fantasma que perseguimos?
E o futuro, rei das ilusões? - Não mais!

Não quero mais viver para o desejo como se ele fosse uma bússola da minha vida.
Quero viver em paz, sem exigir nada da vida, tampouco que me amem.

Só eu sei o que passei e senti. Só eu sei o quão difícil foi suportar todos aqueles males. Por isso e pelo cuidado que tenho por mim e pelo que já conquistei, viverei minha vida em paz com o que me fora dado.

Já não me importa o que o amanhã me reserva.
Já não me importa o que será.
Já não desejo, não desejo coisa alguma.

Só agora posso ser dono e não escravo do que sinto.

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