2021
Então estamos chegando ao final de 2021... Que ano, não?
Eu, que tinha planos de sair da casa da minha sogra (com ou sem meu namorado, porque realmente não estava dando) aguentei três longos anos, deu muito ruim no processo, mas saí.
Conversei em dezembro com com a sogra, a convenci de que era crucial que eu voltasse para a casa da minha mãe porque ela precisava da minha ajuda - e precisava mesmo, mas não era o motivo principal da minha saída. Eu simplesmente não queria dizer com todas as palavras "estou saindo porque não consigo morar com você por mais tempo". Quero dizer, eu sou muito grata por tudo o que ela fez por mim. Ela me acolheu na casa e confiou em mim pra muita coisa. Não queria jogar palavras amargas e ir embora. Tentei sair de fininho.
Em abril, meu namorado tirou férias do trabalho, então fui passar o mês com ele (devolta passando dias seguidos naquela casa...). Minha cunhada também, já desempregada há tempos e doente dos nervos, vinha tendo muitas crises - de ansiedade e de existência. Um rapaz com quem ela tinha relações íntimas mas não chegava a ser namorado queria jogar RPG de mesa, e então jogamos os quatro (eu, a cunhada, o rapaz e meu namorado). Ela provavelmente só deu essa bola pra chamar a atenção do rapaz, então não ligou pro jogo, fazendo bastante descaso. Quem joga esse tipo de jogo sabe que a concentração dentro da história é crucial pra manter o fluxo da história. Ela ficava no celular rindo de memes e depois perguntava o que estava acontecendo na história.
Em toda a minha maturidade inexistente eu disse a ela "Nossa, você é chata ein". Uau, meus amigos, esse foi o começo do inferno. Pense numa criança de cinco anos batendo as portas e pisando forte, essa era ela porque chamei de chata na frente do rapaz. Até hoje não entendi direito o que exatamente engatilhou o ataque de nervos, mas novamente, ela vinha tendo problemas de ansiedade, então não guardo nenhuma raiva. Se fosse só isso, é claro, não seria nada. Parece até briguinha de criança na escola. Eu ri, pedi desculpas e segui.
A moça em questão tem sérios problemas com a mãe, e já chamou de nomes que não seria nem adequado eu dizer aqui. Coisas que você hesita em dizer dos seus inimigos mais odiados. Um dia, por descuido, reproduzi uma fala bastante recorrente da moça pra ela mesma: Coloca isso ali porque daqui a pouco a maluca chega. Eu perdi a conta de quantas vezes eu ouvi essa mesma frase sair da boca dela. O que eu não tinha parado para pensar é que, eu estava tão dentro daquela família, já morando ali há três anos, que eu esqueci que ela não era minha irmã, e minha sogra não era minha mãe. Então, eu não tinha o direito de dizer esse tipo de coisa.
Bem, eu só percebi depois de muita coisa que aconteceu depois. A minha cunhada contou o ocorrido à minha sogra e, mais por já estar enchendo os ouvidos da mulher com reclamações sobre tudo toda vez que chegava em casa cansada do estresse de um dia inteiro de trabalho, a sogra não se aguentou e teve, por sua vez, outra explosão de nervos (digo outra porque ela explode quase todo dia, ela passa por muita coisa). A mãe do meu namorado mandou uma mensagem de texto (porque ele estava assistindo aula no momento) dizendo que me expulsaria de casa caso a cunhada viesse reclamar sobre mim mais uma vez.
O que fiz? Chorei uma noite inteira me sentindo culpada, acordei e saí da casa, levando alguns pertences. Nem consegui ir trabalhar no dia seguinte porque não saía da cama de tanto chorar, e era meu primeiro dia de trabalho na empresa...
Meus amigos, a minha sogra explodiu de uma tal maneira que eu, que já estava acostumada com suas explosões, não consegui prever. Eu estava mentalmente quebrada, fui chorando o caminho inteiro até a casa da minha mãe pra chegar lá e ter que atender uma chamada de vídeo com a cara vermelha e inchada, e a mulher, ao lado do meu namorado (porque trabalhavam na mesma empresa - sim, ela fez a ligação no trabalho na frente de todos) me dizendo um monte de coisas horríveis, até que ela tocou no ponto "e pode falar pra sua mãe que..." - não aguentei, minha mãe estava do meu lado roendo as unhas de raiva por ver a filha sendo humilhada daquela forma. Acabou que as duas conversaram, e a minha saída de lá foi um inferno porque eu deixei algumas coisas na casa da mulher (microondas, colchão, sapateira, etc) e minha mãe fez uma questão imensa de ir buscar. Eu não queria, estender esse caos definitivamente não estava nos meus planos. A sogra não deixou ir lá. Primeiro ela disse que eu teria que ir buscar as coisas só quando ela estivesse. Depois eu não podia mais botar os pés lá. Eu entendo, ela é uma pessoa inconstante (mais uma vez, passou por muita coisa, ela é assim mesmo). Tanto eu não podia ir lá quanto ela proibiu meu relacionamento com o filho dela. Eu, com 24 anos, ele com 26. Agora, entendam, ela é do tipo de pessoa que controla toda a vida dos filhos, das pequenas às grandes decisões. No final das contas, meu pai ameaçou ir com a polícia buscar meus pertences. Ela ficou com medo e propôs dar dinheiro no lugar das minhas coisas. Já tinham se passado dois meses nessa história. Muito mais coisas aconteceram nesse meio tempo - ela passou toda uma madrugada até as cinco da manhã em ligação com minha mãe pra dizer que eu tenho problemas de cabeça e que eu, o meu namorado e a cunhada temos que ir no psiquiatra tomar remédio forte pra ficarmos dopados, pra ver se dá jeito; minha cunhada tinha planos de ir pra Brasília pra se ver longe da mãe tóxica, mas foi proibida porque, com a minha saída da casa, quem iria ir no mercado, fazer a comida da cachorra (que comia frango e vegetais), fazer o almoço, lavar a roupa e ajudar ela com os trezentos problemas que ela arrumava por dia?; ela tentou falar por ligação com meu pai, como fez com a minha mãe, e tentou por tudo botar ele contra mim, inventando histórias. Graças a Deus eu tenho um bom pai, que não caiu na lábia dela, deixando a mulher com ainda mais ódio por não conseguir me fazer ficar sem nenhum familiar que me apoiasse.
No final das contas, eu aceitei o dinheiro pra findar a história, usei o dinheiro pra reformar a antiga casa da minha mãe e propus morar lá com meu namorado - agora meu noivo.
Certamente essa história caberia num filme. O controle da mulher é tão grande que meu noivo teve que armar um plano pra pedir demissão da empresa que trabalhava com a mãe, porque ela tinha um grande controle dele lá, e pegar as coisas sem ela saber, pra que não pudesse impedir no meio do caminho. Conseguiu se mudar com meu apoio e voltou para esclarecer as coisas com a mãe no final do dia. Ela, é claro, não queria deixar ele ir, mas já não tinha mais o que deixar, ele já tinha ido. Só restou aceitar.
O fim de um pesadelo, deu muito errado mas deu tudo certo no final.
Estamos morando juntos, eu e meu noivo, vai fazer 5 meses. Nosso convívio é muito bom, graças a Deus.
Ainda estou firme e forte na empresa que trabalho, mesmo tendo faltado o primeiro dia. Estamos lutando para construir nosso futuro, agora sem intrigas e impedimentos.
Tendo chegado até aqui, e agora olhando pra trás, percebo que não guardo nenhum rancor, mas fico triste por tudo ter acontecido como aconteceu.
Que 2022 traga muitas coisas boas e muitas chances de evolução e crescimento.
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