No Mesmo Ponto
De novo,
estou na estaca zero.
O ciclo se repete,
e o mais cruel
é saber que fui eu
quem me trouxe até aqui.
Não sei se devo escapar,
ou mergulhar mais fundo,
permitindo que a água me tome,
me afogando sem resistência.
Talvez eu nunca tenha querido sair,
talvez nunca tenha sido suficiente.
É confuso demais.
Cansa explicar
aquilo que nem sei nomear.
Afundo em silêncio,
carrego no peito
um mar revolto,
um peso que me arrasta.
E, estranhamente,
contemplo a morte lenta
como se fosse merecida.
Não pedirei socorro,
não erguerei as mãos
O corpo cansou,
a alma parou.
Dentro e fora,
tudo se fez paralisia.
Retorno sempre ao mesmo ponto:
estaca zero.
E me pergunto
por que o vazio
é tão difícil de suportar,
mas tão confortável
quando me deito nele.
Um labirinto de perguntas
sem saída.
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