se eu pudesse ter um pedido...
eu ando meio distraída. eu ando derrubando, esbarrando, quebrando muitas coisas sem querer. já derrubei o celular no chão mais vezes do que cabe nos dedos. não sei mais se os roxos e esverdeados pelo meu corpo estão só na minha pele ou já na minha alma. o que vai acontecer quando ser desastrada se tornar um desastre? quando eu derrubar minha máscara no chão?
talvez seja o buraco negro que me foi atribuído quando nasci. eu não me lembro de isso ter acontecido, mas também não me lembro de não ter um buraco negro. aquele 'nada' que de repente se choca com minhas placas tectônicas, enviando abalos sísmicos pelo meu sistema nervoso... escuridão que rouba minha respiração pra si. tudo que eu sabia sobre ser, desintegra.
até quando eu vou conseguir lutar contra a gravidade que me puxa pra cama e batalhar em guerras nas estrelas que ninguém vê, tudo pra alcançar um planeta anão? talvez eu seja como ele, expulsa do sistema solar, tentando tanto me encaixar, de nada adianta.
a galáxia de andrômeda vive distante, esquecida, e só vão se lembrar dela quando ela colidir contra a via láctea e destruir toda a vida nela existente.
percebo então que a água cristalina que eu derramo e misturo com esse carmim intenso não significa nada. a fumaça que sai das minhas orelhas enquanto eu franzia as sobrancelhas não significa nada. as constelações nos meus braços e coxas não significam nada. o que eu entendi ou deixei de entender não significa nada. os números que eu conto e a realidade que eu tento com tanto esforço reconhecer não significam nada. a loucura ou a sanidade são ambas ilusórias e me levam ao mesmo lugar. pra onde todos nós vamos.
se eu deixar de piscar, meus olhos secam e eu fico cega. mas afinal, o que eu tenho de tão importante pra ver? o mundo continua girando em torno de si mesmo e ao redor do sol, com ou sem mim. ninguém percebe que eu preciso de ajuda. se eu abrir a boca ou não, não importa. ninguém vai me ajudar, nem seu deus.
sei bem que vou morrer na contramão, atrapalhando o tráfego.
então é isso. acho que disso tudo, posso concluir que eu preciso prestar mais atenção por onde eu ando. vai que eu tropeço em alguém ou quebro algo de importante.
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