Culpado
Fui eu.
Eu, que fugi para longe de todos eles.
Eles, que eu achava que me eram próximos a mim e que poderiam me compreender.
Foi erro meu e culpa também minha, talvez por não ser tão claro a ponto da luz os incomodar, de maneira tal, que não olhassem para o lado enquanto eu lhes falava.
O ser nunca é o suficiente para outro que não seja ele próprio - isso quando não lhe acontece a tragédia de não ser agradável a si mesmo.
É nosso dever nos compreendermos. O problema é que de tudo o que nos cabe e que é nosso por direito de ser, se abrange cada vez mais para além de nós - como se fôssemos incapazes de nos dar o que precisamos.
E as perguntas que nos fazemos, fazem de nós, a própria dúvida em pessoa.
É para longe que quero ir. Pois o meu céu está distante e a minha paz tão somente flerta comigo a grandes distancias.
Eu pensava que meus infortúnios acabariam quando eu passasse a entendê-los. E, no entanto, por entendê-los é que me causei ainda mais danos - visto que saber sem poder; é semelhante a cair num abismo sem apoio ou vislumbre de onde iremos cair - esse chão que nunca chega, quem dera chegasse.
E pudesse eu, olhar ao redor e dizer: Não há nada além disso.
Contudo, talvez, essa busca infame por um conhecimento que traga consigo poder e satisfação, seja o que chamamos de utopia.
E nós, seres inacabados, ridículos até no que julgamos saber; mostramos que, nem a caneta ou o papel está nas nossas mãos para dizermos qual será o fim disso tudo.
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