Diário de euranni

Ciclos finitos

Terça-feira, 03 de Junho de 2025.

Ciclos finitos Público
Acredito que cada momento de nossas vidas pertence a um ciclo. E todos eles, sem exceção, têm fim. A beleza está na transição - na forma como as coisas nascem, se expandem e depois se dissolvem. Mas confesso: é justamente essa dissolução que me desafia.

Não é o fim em si que dói, mas a minha resistência em aceitá-lo. Quantas vezes insisti em permanecer em capítulos já encerrados? Segurar relações que esfriaram, hábitos que não me servem mais, ou até mesmo versões minhas que já não existem... Como se, por pura teimosia, eu pudesse enganar a lógica do tempo.

A verdade é que os ciclos são sábios. Eles nos lembram que nada é estático - nem a dor, nem a alegria, nem mesmo o vazio. Quando um se fecha, outro se abre, ainda que invisível a nossos olhos ansiosos. O difícil não é a despedida, mas a coragem de soltar o que já terminou para dar espaço ao que está por vir.

Hoje, olho para trás e vejo: as maiores dores vieram da minha incapacidade de deixar ir. Do medo de encarar o vazio entre um ciclo e outro. Como se o silêncio que segue o fim fosse um abismo, e não um solo fértil.

Talvez a sabedoria esteja justamente aí: em entender que o desapego não é um ato de frieza, mas de respeito à vida. Tudo tem seu tempo. E quando insistimos em permanecer onde não há mais raízes, sufocamos a própria possibilidade de renascer.

Que eu aprenda, aos poucos, a honrar os fins.
Não como perdas, mas como sementes.


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