Continuação da semana anterior
Na última aula, havíamos combinado de continuar as apresentações e discussões na semana seguinte. Tudo certo, só havia um problema: Eu tinha esquecido completamente desse combinado.
Cheguei apressado e atrasado, mal lembrava qual era aula, imagina então o que iriam trabalhar, eu realmente não sabia de nada. Quando entro na sala, vejo um grupo apresentando alguma coisa. Digo "alguma coisa" porque esqueci do óculos, então eu não enxerguei nada do que tinha ali na tela. O que sei é que demorou um tempo até eu me situar e entender onde eu estava, fisicamente e contextualmente. E ainda assim, sinto que eu não entendi direito uma parcela das coisas. Às vezes me sinto um tanto idiota. :mrgreen:
Mesmo assim, para além os empecilhos dos quais eu sou culpado direto (e alguns outros que me recaem a culpa porque a vida é assim), ainda pude tirar umas coisinhas interessantes da exposição, sobretudo porque eu li o texto, então pude me situar. Acredito que o primeiro grupo tratou de questões sobre letramento e docência, no sentido geral. Sei que tinha bastante coisa escrita no slide deles, bastante coisa que eu definitivamente não consegui ler, imagine acompanhar o raciocínio completamente, mas o que me alçou a atenção foram as questões quanto aos diferentes espaços e níveis de letramento. Acho importante sempre lembrar o quão relevante é o letramento que ocorre para além da escola. Até porque, a escola ocupa um pequeno tempo na vida daqueles que estudam nela. O que importa é o que as pessoas conseguem tirar dela e carregar adiante, na vida.
Indo direto ao ponto, fugindo da continuidade, o que acabou me cativando mesmo foi o diálogo sobre esse negócio da formação (ou falta dela) e do papel do docente. quando o segundo grupo entrou trazendo essa visão de que existem professores cuja formação não está, de certa forma, acima da formação de seus alunos, me veio um exemplo próximo, até familiar. Eu logo pensei em todas essas complicações, de que pra haver uma formação pra além da continuada deve haver, claro, tempo. Sinto que para muitos educadores falta isso. Então não resta muito a se fazer no longo prazo. Temos professores e professoras que atuam não com o perfil de uma espécie de entidade detentora do conhecimento, mas como "mais um". Pra falar menos e dizer mais, vou exemplificar com as graduações na arte marcial. Todo mundo sabe que o mais alto grau é a faixa preta. existem vários níveis, mas se o sujeito é preta, ele com certeza sabe muito. Porém, antes da preta e depois da branca, existe um punhado de faixas coloridas que variam em quantidade e coloração dependendo da arte marcial e do indivíduo. Mas a ideia geral é que, se alguém não é faixa branca, mas nem preta, não sabe nem pouco e nem muito. Sabe "o suficiente". É capaz de ensinar, lecionar, ajudar, mas até certo ponto. E é esse paralelo que eu traço quando vejo a ideia de que há professores tão letrados quanto os alfabetizados. Eles não são faixas pretas, são coloridos :D .
Distanciando um pouco mais desses exemplos e abstrações, sinto que o maior problema de profissionais da educação que não possuem alguma formação superior (em sentido de serem mais letrados que seus alunos) é que chega um momento em que tudo empaca. Se os educadores não são politizados, não são capazes de passar mais do que o básico de um livro didático e pensar fora da caixinha, então o que acontece? Eu genuinamente não sei, só vendo uma prática nesse contexto, mas não acho que as pessoas vão muito longe quando são limitadas. Nesse dia, eu não entendi muita coisa, mas até agora deve ter sido o que mais me fez pensar.
Comentários (0)
Para fazer comentários, realize o login.