Forçada a ser forte, estendendo meus limites

Quando paro para refletir e olhar para o que passou vejo o quanto minha vida mudou....Há pouquíssimo tempo atrás eu estava na faculdade, tinha um namorado do jeito que sempre sonhei, e tinha um emprego...
Hoje final de Outubro de 2023 não tenho mais nada disso.
Começou com a faculdade, eu simplesmente desisti, não aguentava mais, estava maçante. Me sentia um peixe fora d'agua e quando eu finalmente percebi que estava naquele curso para satisfazer as expectativas alheias e que aquilo tava me deixando infeliz eu abandonei.
Claro que foi uma grande decepção para o então meu namorado na época, sempre senti que se eu não tivesse um curso superior, se eu não fosse ""alguém""" na vida eu não seria boa o suficiente para ele e para a família dele. O que era uma suspeita se confirmou com os meses depois que ele terminou comigo.

Foi um dos maiores baques que eu já levei na vida, foram 3 anos de amizade e quase 3 anos e meio de namoro, eu sentia tamanha confiança nele e nas palavras bonitas que me dizia que o termino se quer era uma possibilidade na minha cabeça. Sempre foi um namoro tranquilo, monótono de uma forma boa, sem grandes surpresas, diferenças resolvidas com diálogo. Me arrisco a dizer que tivemos umas 3 brigas no máximo durante todo esse tempo. O que eu mais gostava na nossa relação era o fato de que ao lado dele eu não precisava me preocupar com nada, não tinha ciúme, não tinha insegurança, desconfianças, nada. Além de namorado era meu amigo, único amigo e confidente. Quando estava com ele eu conseguia desligar a minha cabeça, deitar no seu peito e ouvir sua respiração era meu remédio para qualquer tipo de preocupação....

Mas aquilo que começa de forma errada está fadado a terminar da mesma forma, sempre fui eu quem demonstrei interesse primeiro, era unilateral, nos 3 anos de amizade fui sendo cozinhada em banho Maria. Ele alimentava meus sentimentos mas não tomava nenhuma atitude, foi assim durante esses 3 longos anos até que dei um basta. Que foi quando repentinamente ele percebeu que também me queria e começamos a namorar. Mas ainda assim era unilateral, apesar das demonstrações de afeto eu não sentia que estávamos no mesmo nível na relação. Depois de 3 anos de namoro, quando questionado sobre suas intenções comigo, se era de fato se casar e ter uma família ele simplesmente não sabia responder. Foi o começo do fim.

Desde o primeiro momento, desde a primeira conversa eu tinha certeza que era ele quem eu queria e estava disposta a fazer de tudo para dar certo, mas apesar de ser sempre indeciso com o que quer, ele teve muita certeza sobre o que não queria. Ele se amedrontou, e achou melhor por um fim em tudo. Sem mais conversa, sem mais argumentação ou coisa do tipo, a solução pra ele foi por um ponto final em tudo.
Foi quando fiquei sem chão, sempre resolvemos tudo com diálogo e por conta desse desentendimento fútil ele resolveu abrir mão de tudo, abrir mão de mim... Acredito que já havia outras frustrações acumuladas porque uma decisão dessas não é tomada do dia para noite. Tentou colocar a culpa em mim dizendo que eu o deixava sozinho demais nos lugares que ele frequentava, me propus a mudar mas ele não aceitou. Falou sobre eu cobrar um pouco mais de tempo pra gente já que ele era sempre muito ocupado e sempre tinha outras prioridades. Uma frase dele no dia do termino que jamais vou esquecer é "Não vou abrir mão da minha academia" como se eu fosse pedir isso a ele, mas já deixou claro que se eu fizesse ele escolher, a escolha não seria eu.
Enfim, sofri, me matei de tanto chorar, mandei inúmeras mensagens, liguei, pensei até em escrever uma carta e mandar. Mas ele não quis me ouvir, ignorava as minhas mensagens dizendo o quanto eu estava sofrendo com aquilo tudo. Ainda dói pensar que ele dormiu tranquilamente enquanto sabia que eu passava a noite aos prantos por causa dele. A verdade é que eu nunca fui boa o suficiente pra ele, ele tem uma ambição grande demais, uma família de mesquinhos, um lugar que hoje eu vejo que jamais me encaixaria.
Depois de muito me ignorar apareceu oferecendo a sua amizade, eu recusei. Conversar com ele todos os dias como dois bons amigos como se nada tivesse acontecido, como se nunca tivessímos feito nada, seria impossível pra mim, seria como tacar sal na ferida. Então eu fiz o que devia ter feito a 6 anos atrás, eu desisti, eu disse adeus.
Confesso que fiquei esperando que ele voltasse atrás, que me procurasse e percebesse que qualquer desentendimento bobo era pequeno demais perto do que ele sentia por mim, mas isso nunca aconteceu. Ele nunca mais me procurou, faz 4 meses que não nos falamos mais.
E se eu disser que não dói mais seria mentira, doí, dói aos sábados, dói de madrugada, dói quando estou sozinha, dói quando estou no banho, dói mais em alguns momentos do que em outros. Mas isso não me destruiu como no começo eu pensei que fosse destruir, brinco que em cada esquina um me viu chorando, nas primeiras semanas a dor era agonizante, era como sofrer de um luto de uma pessoa viva, com a diferença de que ela quem escolheu morrer pra mim. Teve dias que eu sentia meu coração apertar tanto que parecia querer se fundir com a caixa torácica, me faltava o ar, e não importava quantas lagrimas eu derramasse, não trazia alívio algum. Eu sabia que com o tempo a dor iria diminuir, que não seria assim pra sempre mas ter consciência disso não fazia a dor ser mais suportável.
Enfim, hoje estou tentando recolher os meus cacos, cuidar de mim e me priorizar mas ainda é difícil entender tamanha frieza e indiferença de alguém que eu só dei amor, ainda é difícil entender como ele consegue tocar a vida normalmente e dormir bem a noite sabendo do mal que me causou e do tempo que me fez perder.
Eu sempre fui muito cética com as pessoas, mas essa experiência amorosa (única que eu tive) me deixou sequelas, não sei se vou conseguir confiar totalmente e me entregar a alguém novamente

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