Viver. Não se esqueça o que é seu por direito!

Hoje eu não iria por para fora nada, meu primeiro desejo foi o de dormir calado e pegar no sono enquanto imagino coisas sobre minha vida, como me é costumeiro.

No entanto, senti que deveria vir aqui e dizer algumas coisas.

Ontem não fui trabalhar, não por estar doente, ou por algum imprevisto. Pois de fato, foi premeditado por mim, um dia antes de faltar que eu não iria no dia seguinte. Tomei essa decisão consciente, enquanto estava fazendo alguma coisa frente a mesa no trabalho. Decisão essa que não foi tomada somente pelo momento monótono que eu estava experimentando ali mas também por um sentimento melancólico que me atingira em cheio, de modo que disse para mim mesmo que não iria noutro dia.

Em outras palavras, queria eu ter um tempo para respirar um pouco e sentir a vida sozinho, visto que sabia que não haveria ninguém para me importunar. Quis pensar, ler e relaxar.

E embora no mesmo dia em que decidira não ir, fiquei me questionando se o faria ou não. Pois não é do meu feitio faltar ao trabalho, senão me atrasar constantemente, mas isso é devido a outros fatores sobre os quais não tomarei nota aqui. Naquela mesma noite, chegando em casa encontrei alguns colegas e me assentando ao lado deles, fumamos maconha e conversávamos um pouco.

Logo em seguida, fui para a academia, onde permaneci até o fechamento. E voltando para casa ainda sofria com aquela dissonância em relação ao trabalho. Depois de jantar excessivamente, pois estava faminto, fui-me deitar. Devaneei até umas duas horas da manhã até pegar no sono. E antes de entrar em repouso deixei o despertador para tocar e ir trabalhar. Não o fiz com certeza, como quem já decidira ir, mas me deixei o privilégio da dúvida. Amanhã vejamos...

No dia seguinte, logo após despertar com o alarme do celular, ainda em estado de letargia, decidi que não queria mesmo ir. Logo inventei uma desculpa para meu gestor e lhe enviei uma mensagem avisando que não iria. A partir dali, já não senti mais dissonância e só queria descansar até que quisesse levantar para fazer o que no dia anterior me propus.

Acordei novamente às treze horas da tarde. O sol lá fora estava lindo e parecia que o dia fora feito só para mim. Levantei, me higienizei, comi alguma coisa da qual não me recordo precisamente agora, fui ao quarto e peguei meu livro para subir novamente para a laje. Fiquei lá em cima, onde acendi um cigarro e um pequeno baseado. Comecei a ler, mas logo me veio outros pensamentos.

Estava a olhar para o céu, sentado com as sombras das roupas do varal sobre meu rosto e peito, enquanto somente as pernas tomavam sol.
Estava um vento gelado que por vezes, chegava a me incomodar, mas que depois passou.

Fiquei ali e pensei sobre muitas coisas das quais vivi. Até mesmo em dias exatamente como aquele. No quanto tive boas experiencias e o quanto muitas outras fora extremamente ruins de um modo tétrico.

Porém, eu estava feliz. E não sentia mais aquele sentimento de divida em relação a minha falta. Afinal, quantos dias, quantas horas também já não me foram tirados? Dias tais como aquele, no qual sentia aquela alegria sem nem mesmo ter que gastar um só tostão! Não lhes devo nada, absolutamente.

Voltei logo depois a ler algumas páginas e me vieram muitos insights sobre o que estava lendo. Foi realmente muito bom aquele dia.
Já pela noite, fui para a academia novamente, onde fiz um treino de pernas que quase me deixou sem poder andar. Risos.

Fui dormir tarde, tal como hoje, mas acordei bem. Meu gestor não me fez questionamentos, apesar de eu lhe ter dito que não fui ao médico. Isto porque, como eu já disse anteriormente, não é do meu feitio faltar ao trabalho. Também não quis fazer deste dia uma rotina em minha vida. Dado o fato de eu ter muitas outras responsabilidades, e estas sim, se resolvem somente com cash! Risos.

Contudo, foi bom ter visto que não estou tão refém das coisas ao ponto de não tirar para mim ao menos um dia para viver o que gostaria. Acredito que precisamos ser um tanto rebeldes com as imposições sociais, as vezes. Sejam elas exigidas por trabalho, família, amigos, projetos, não importa.

Claro que não foi uma grande aventura, mas isso não significa que eu não possa fazer uma loucura qualquer dia desses, numa folga. A questão é experienciar as coisas, sabe? Não se deixar levar demais pelas circunstâncias a ponto de perdermos nossa identidade no caminho, nossa individualidade, que é tão bonita e valiosa.
O que eu sei é que só tenho essa vida. E em meus maiores sofrimentos ninguém me assistiu.

(exceto Deus)

Portanto, não vou deixar que me digam o que devo fazer com minha única vida. Muito embora eu tenha consciência que há uma eternidade por vir depois dela.

Ainda sim, é aqui e tão somente aqui que podemos errar e aprender. Nos entristecer e nos alegrar, muitas vezes, até mesmo com nossa infelicidade.
E apesar de as vezes, me sentir mal por coisas mui profundas que deram errado, como a perda de um amor e uma grande amizade, ainda sim, aqui e agora permaneço.
Sempre superei tudo sozinho, e quando envolto em trevas, somente Deus esteve do meu lado e me estendeu a mão. E sei que ainda me ajudará a passar por mais estas coisas, como já o vem fazendo.

Nem sempre a vida nos dá o que desejamos, por isso, as vezes temos que improvisar a nossa maneira. Mesmo que isso nos custe algo, vale a pena arriscar. Pois o que maior preço que podemos pagar é o de não viver!!!

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